No Brasil, os veículos pesados utilizam diesel obrigatoriamente. No entanto, você sabia que existem duas versões distintas do produto, o diesel S-500 e o S-10? A diferença entre esses dois tipos de combustível é a quantidade de enxofre.

Enquanto o S-500 tem 500 partes por milhão (ppm) do poluente, o S-10 tem apenas 10 ppm. Essa redução aconteceu para atender à fase 7 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que passou a valer em 2012.

Atualmente, o S-10 é obrigatório nos centros urbanos, para controle de emissões, mas o S-500 ainda está disponível nas rodovias. Porém, nem todos os caminhões devem utilizá-lo. Quer saber a razão para orientar seus clientes de forma adequada? Então, continue a leitura do post!

Quais as diferenças entre os dois tipos de combustível?

Como explicamos, a diferença é o teor de enxofre. Em função dos sulfatos, essa substância eleva as emissões de SO2 ou SO3, que são óxidos de enxofre, e de material particulado. Esses gases, quando combinados com a água das chuvas, podem dar origem às chamadas “chuvas ácidas”. Nos veículos, o enxofre compromete a vida útil do motor.

A redução do teor desse poluente no diesel aconteceu para atender aos rígidos limites de emissões estabelecidos pelo Proconve. Até então, havia, no país, dois tipos de diesel — o S-1800, com 1.800 ppm de enxofre, e o S-500, com 500 ppm.

Inicialmente, houve uma redução para 50 ppm e, em seguida, para 10 ppm. Hoje, os combustíveis permitidos no país são:

  • diesel S-10, comercializado obrigatoriamente nos centros urbanos;
  • diesel S-500, comercializado pelos postos de rodovia (que, nesse caso, fornecem as duas versões). Esse produto recebe adição obrigatória de corante vermelho, como forma de diferenciá-lo da versão com teor de enxofre reduzido;
  • diesel S-1800, cujo uso só é autorizado para atividades de mineração, ferroviária e termelétricas. Ele não é comercializado pelos postos de combustíveis e não deve ser utilizado nos tanques dos caminhões.

Por que o diesel contém biodiesel e como isso afeta os veículos?

Independentemente do teor de enxofre, todo óleo diesel comercializado no Brasil contém biodiesel. A partir de setembro de 2019, o teor do biocombustível passou a ser de 11% (conhecido como B11), seguindo o cronograma de elevação do percentual de biodiesel estabelecido pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

Essa adição de combustível renovável faz parte do Programa Nacional do Biodiesel, que foi criado com o objetivo de aumentar a participação dos biocombustíveis na matriz energética e estimular a agricultura familiar.

Apesar dos benefícios ambientais, essa adição de biodiesel traz alguns problemas tanto para os postos de combustíveis quanto para os veículos. Como o produto absorve água e umidade, existe maior tendência de formação de borras e depósitos que, no caso dos veículos, causam danos como:

  • aumento da necessidade de troca de óleo e filtros;
  • entupimento de filtros e injetores;
  • desgaste dos componentes metálicos do motor;
  • tendência de acúmulo de resíduos no tanque.

Quais as características dos tipos de combustível para caminhões?

Agora que você já aprendeu um pouco mais sobre o tema e viu algumas dicas para acertar na hora da escolha do combustível, vamos falar um pouco mais sobre as características do diesel disponível em nosso mercado e qual o mais recomendado para seu veículo, estilo de direção e assim por diante. Confira.

Diesel comum

Não dá para falar em combustível para caminhões sem falar no tradicional diesel comum, também conhecido como S-500. Ele leva esse nome por conter 500 partes de enxofre por milhão, ou seja, é 50 vezes mais carregado do que o S-10, por exemplo. É uma opção versátil, que pode ser usada sem problemas pela grande maioria dos caminhões.

Na prática, ele só é encontrado em postos de abastecimentos situados em estradas e rodovias, sendo uma medida que visa controlar a toxicidade do ar nas áreas urbanas e regiões com muita densidade demográfica. No entanto, apesar de ser uma alternativa muito versátil, é sempre importante consultar o manual do veículo e seguir a recomendação para seu modelo.

S-10

O S-10 é outra opção muito utilizada no Brasil e é recomendada não apenas pra caminhões que foram fabricados depois do ano de 2012, como também para quem deseja obter um desempenho melhor. A concentração de enxofre mais baixa na composição ajuda a aumentar a vida útil do motor e é menos poluente, melhorando a performance e sendo sustentável.

Nos dias de hoje, o S-10 pode ser considerado o mais vendido, o que se explica também por ser permitido em todos os postos de abastecimento, inclusive os situados em áreas urbanas e muito populosas. Outro detalhe importante está na boa concentração de hidrogênio, que reduz a quantidade de sujeiras que poderiam se acumular no tanque.

S-50

O S-50, como você já pode inferir pelos exemplos anteriores, é um tipo de diesel que conta com 50 partes de enxofre por milhão, o que o colocava em uma posição intermediaria entre o S-10 e o diesel comum. Por isso, ele era um forte concorrente no mercado, como uma opção certeira para quem queria economizar um pouco, mas não deseja poluir o ar.

No entanto, com o aprimoramento da tecnologia, ele foi retirado de circulação e sendo substituído gradativamente pelo S-10, até desaparecer completamente das bombas de combustível. Muitos motoristas, no entanto, sentem falta de poderem fazer essa escolha, pois seria interessante em um momento como o atual, no qual os preços estão muito elevados.

Diesel aditivado

Da mesma maneira que os carros e motos contam com opções de mais alta qualidade para a gasolina ou o etanol, também existe um diesel aditivado. O princípio não muda muito, sendo apenas adicionados aditivos na composição, como detergentes especiais que são capazes de ajudar na limpeza e na remoção de impurezas que poderiam se acumular no motor.

No entanto, ao contrário do que muita gente pensa, isso não traz benefícios diretos no aumento da potência, pelo menos em curto prazo. O que acontece é que, com o tempo de uso do veículo, o desempenho seria reduzido com o acúmulo de resíduos. Com o combustível aditivado, isso não ocorre de forma tão rápida, o que vai mantendo a performance.

Como identificar problemas causados por combustível de má qualidade?

Como você notou, nem sempre o problema no veículo resulta da falta de qualidade do diesel. No entanto, há casos em que realmente o produto fornecido está fora de especificação, o que pode causar vários danos.

Uma forma de verificar a qualidade é observando o tempo de ignição. Nos motores a diesel, o ar que é aspirado para o interior do cilindro atinge temperatura acima de 500º C e depois é injetado na câmara de combustão, onde ocorre a ignição.

O tempo entre o início da injeção e o início da combustão é conhecido como atraso de ignição. Quanto menor for esse atraso, melhor é a qualidade do diesel. Também é possível utilizar um scanner para diagnosticar corretamente a falha.

Assim, além de identificar corretamente o problema do veículo e fazer sua manutenção, é importante oferecer orientações sobre como evitar tais ocorrências. Com isso, a sua oficina ganha credibilidade e fica mais fácil fidelizar o seu cliente. Confira algumas dicas!

Indique o abastecimento em postos confiáveis

Embora muitos problemas nos veículos sejam causados pela presença de biodiesel, o posto de combustíveis também precisa adotar uma rotina de boas práticas de manutenção para evitar a deterioração do produto.

Assim, é importante orientar seu cliente a conferir a credibilidade do estabelecimento. Ele deve observar as instalações, verificar quem é o fornecedor do combustível (se não for um posto embandeirado, a informação deve constar em um adesivo na bomba) e desconfiar de preços muito baixos.

Vale lembrar que os testes de qualidade do diesel, ao contrário do que ocorre com a gasolina e o etanol, precisam ser feitos em laboratório, pois dependem de equipamentos específicos que, normalmente, os postos não têm. Porém, na dúvida, seu cliente poderá pedir para verificar a documentação de qualidade fornecida pelo distribuidor.

Oriente a guardar a nota fiscal

Caso seja constatado que o problema no veículo foi decorrente do combustível de má qualidade, o consumidor poderá entrar com um pedido de indenização e ressarcimento, desde que tenha a comprovação de onde abasteceu. Além disso, ele deve denunciar o posto à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Informe o tipo de combustível adequado

Quando a fase 7 do Proconve entrou em vigor, a indústria automotiva também precisou promover mudanças nos veículos. Assim, os caminhões fabricados a partir de 2013 não devem utilizar o S-500.

Explique ao seu cliente que, além do aumento de emissões, existe risco de entupimento do catalisador e dos filtros, formação de depósitos, elevação do consumo de combustível, carbonização do motor e redução da vida útil do veículo.

Modelos anteriores a 2013 podem utilizar as duas versões de diesel, embora, do ponto de vista do controle de emissões, o S-10 seja mais indicado.

Como você percebeu, para conquistar o cliente é necessário ir além da manutenção do caminhão. O bom atendimento e o fornecimento de orientações, seja sobre os tipos de combustível, seja acerca dos riscos relacionados ao uso de produtos de má qualidade ou não recomendados para o veículo, são diferenciais importantes para garantir a confiança em seu serviço.

Se você deseja aumentar a sua experiência ou elevar os seus conhecimentos, não deixe de conferir também o nosso outro post aqui no blog que fala sobre qual tipo de caminhoneiro você é.

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