
Vida de caminhoneiro: a visão de quem está na estrada
Dentro das carretas, trucados ou baús, estão os maiores protagonistas das estradas. Os caminhoneiros fazem parte do time que mais movimenta a economia do país. Sem eles, o transporte rodoviário de cargas não existiria. Da matéria-prima ao produto final, praticamente tudo o que consumimos passa em algum momento pelos caminhões.
No território brasileiro e nas fronteiras, os profissionais das estradas abastecem as populações com itens essenciais e bens de consumo. Os caminhoneiros são tão importantes para o país que chegam a movimentar pelas rodovias mais de 60% dos produtos.
Junto com as responsabilidades vem os prazeres, desafios e experiências. Nada mais interessante do que conhecer a vida de caminhoneiro e escutar o que eles têm a dizer! Confira, neste artigo, o que Fabiano Tibucheski, profissional de Maringá com 38 anos tem a dizer sobre os 15 anos de profissão.
Como você escolheu a profissão e como é a rotina de trabalho?
Há 15 anos entrei na cabine do caminhão por necessidade. Na época, precisei ir para a estrada dirigir os caminhões da minha empresa e por isso virei caminhoneiro. Hoje trabalho nas estradas como autônomo, assim como outros companheiros.
A rotina de trabalho permite pouco descanso. Em média, os caminhoneiros descansam apenas 6 ou 8 horas por dia. Trabalhamos todos os dias e mesmo parados para carregar ou descarregar o caminhão estamos exercendo a atividade, inclusive, aos finais de semana.
Passamos esse tempo longe de casa e aguardamos a liberação dentro do caminhão, em postos ou dentro da empresa. Ficar longe da família por períodos longos não é bom. Durante uma das viagens quase perdi o nascimento da minha filha.
Quais são os pontos positivos e os desafios da vida de caminhoneiro?
Guiando um caminhão pelas estradas do país sempre temos a oportunidade de conhecer novos lugares e culturas. O dia a dia nas estradas também possibilita bons encontros. É possível fazer muitas amizades e trocar conhecimentos. A turma da estrada é bem unida e amiga. Esses são os principais pontos positivos.
Os desafios são muitos. Ganhar dinheiro com o preço atual do frete não é fácil, já que é preciso colocar nas contas o gasto com o combustível. Outro grande desafio é a segurança e a falta de estrutura. Em todo Brasil, está cada vez mais difícil encontrar locais seguros para pernoitar e descansar com tranquilidade.
Falta segurança em todos os sentidos. Sempre é um risco ter a bateria, o pneu ou outras peças roubadas. Não são raros os desaparecimentos de pertences dentro da cabine ou os assaltos aos motoristas. Já passei por situações complicadas na estrada. Cabine arrombada, bateria e step roubados. Também já fui assaltado, mas até hoje o caminhão não foi levado.
A vida de caminhoneiro não é fácil, mas a experiência vale a pena. O que nos mantém nas estradas é o amor pela profissão. Apesar das dificuldades, aqueles que gostam de verdade continuam guiando. Não são todos os motoristas que se habituam a rotina e tomam gosto pela direção. Para alguns o trabalho é muito difícil. Esses geralmente não conseguem continuar.
Quais aspectos da profissão precisam de melhorias? Quais seriam as possíveis soluções?
Sem dúvidas, a segurança precisa de muitas melhorias. É preciso intensificar a fiscalização. Geralmente, passamos por muitas barreiras policiais, mas parece não haver um controle efetivo. Os carros não são fiscalizados, mesmo quando os policiais estão dentro das unidades rodoviárias.
Além disso, a estrutura e a prestação de serviços voltados para os caminhoneiros é insuficiente. As empresas de médio e grande porte deveriam se preocupar mais com a nossa qualidade de vida e condições de trabalho, principalmente as empresas em que o fluxo de caminhões é grande. Esse não é o caso dos depósitos de material de construção ou padarias.
As fábricas grandes geralmente não oferecem banheiros limpos ou bons restaurantes. A oferta de locais adequados para banhos e refeições faz muita falta. Acredito que as empresas deveriam se responsabilizar por essas instalações. O mesmo acontece com os locais onde os caminhões ficam parados. Eles deveriam ser seguros e receptivos, mas a realidade é outra.
Algumas empresas são atentas às necessidades dos motoristas. Uma empresa perto de Maringá, por exemplo, tem bons banheiros e um pátio limpo e organizado. A estrutura de lá é digna, principalmente para quem vai descarregar o caminhão e passar algum tempo no local.
Já outras empresas não oferecem mais que um banheiro, no qual não há lugar para tomar banho. Muitas delas não têm restaurantes ou lanchonetes. A cobertura para esperar a carga e descarga do caminhão não existe. Dessa forma, somos lançados à sorte, pois não há segurança. Muitas vezes, ficamos no meio da rua.
Acho que o governo deveria cobrar das empresas de médio e grande porte uma estrutura que viabilizasse o nosso trabalho. Todas elas deveriam ser equipadas com melhores instalações. A vida de caminhoneiro pode ser menos desafiadora com a cooperação das empresas.
Como é a qualidade das estradas? Como isso pode ser solucionado?
A qualidade das estradas não costuma ser favorável. Numa avaliação de 0 a 10 é possível dar nota 7 para as estradas do Sul do Brasil que tem pedágio. Muitas melhorias precisam ser feitas, sobretudo, em razão dos valores pagos. As rodovias estaduais merecem a mesma nota.
No Norte do país a avaliação gira entre 5 e 6. Já no Nordeste, as condições de tráfego melhoram um pouco. Avaliação entre 6 e 7 pontos contempla as estradas da região. Há muito o que fazer para melhorar os deslocamentos. Para solucionar alguns problemas das estradas não basta refazer o asfalto. O ideal é adicionar pistas duplas nas rodovias movimentadas.
Como é o mercado dessa profissão?
Atualmente, muitos veículos estão disponíveis para fazer os fretes. Com isso, os clientes buscam pagar cada vez menos e isso dificulta muito nosso trabalho. Para diminuir o sucateamento foi lançada a tabela do frete. Inicialmente o governo não quis fazer valer a tabela por meio da aplicação de multas a quem descumprisse o valor determinado.
O cenário mudou com a organização e pressão realizada pelos caminhoneiros para fazer valer os preços do documento. Ainda assim, falta fiscalização. O governo precisa fiscalizar com mais rigor o piso do frete, assim como as questões de estrutura e segurança que ainda são deficitárias.
A vida de caminhoneiro tem seus pontos positivos e negativos. Quem está na estrada todos os dias alerta para a necessidade de investimentos e melhorias. Para garantir a qualidade de vida de profissionais tão importantes para o país é preciso ouvir quem conta com muitos anos de experiência.
E aí, gostou das informações que o Fabiano Tibucheski nos passou? Agora, você sabe o como é a vida de caminhoneiro! Falta segurança e estrutura, mas existem alternativas para evitar prejuízos e dores de cabeça. Quer entender um pouco mais sobre o tema?
Então, entre em contato conosco. Podemos ajudar!