Qual o custo de ter o caminhão parado para carga e descarga?
Ficar com o caminhão parado, esperando pela descarga, é algo indesejado para qualquer motorista. Além de atrasar o itinerário, isso também pode causar prejuízos diversos.
Você sabe como calcular o custo dessa parada? Mais que isso, você sabia que o valor perdido com esse atraso pode — e deve — ser ressarcido? É sobre esses assuntos que vamos falar neste post. Confira!
Quais os problemas de ficar com caminhão parado?
Quem trabalha com transporte de cargas sabe que o tempo de descarga e, mais importante, a espera na fila de caminhões para realizar a descarga são cruciais no custo total do frete. Basicamente, quanto mais tempo o veículo fica parado esperando, maiores os custos que o prestador do serviço vai acumular.
Afinal, as horas acumuladas na espera podem se converter em alterações de itinerário, horas extras e até perdas de prazos das entregas. É muito importante entender como equilibrar essa situação. Por isso, vamos mostrar o que a lei garante ao transportador nesses casos e ensinar a calcular o valor a ser cobrado pelo tempo excessivo de espera.
Quanto tempo o caminhão pode ficar parado?
Para o transportador, quanto mais rápido o caminhão for carregado/descarregado, melhor. Porém, sabemos que a realidade não é exatamente assim. Por isso, a Lei 13.103/2015 foi criada para regular esse critério e garantir que o tempo de espera excessivo seja restituído.
Ao firmar o valor do frete, o tempo de carga e descarga já deve estar previsto no contrato. Isso é muito importante, pois, se esse tempo for ultrapassado e não houver nenhum documento, não será possível cobrar a taxa pelas horas adicionais.
Atualmente, considera-se dentro dos prazos normais os procedimentos de carga e descarga que não ultrapassem:
- 1h30 de espera para realização do carregamento de carga paletizada;
- 1h30 de espera para realização do descarregamento de carga paletizada;
- 3h de espera para a realização do carregamento de carga não paletizada;
- 3h de espera para a realização do descarregamento de carga não paletizada.
Portanto, sempre que for fazer o contrato do transporte, leve esses prazos em consideração e não se esqueça de manter tudo registrado no documento. Só assim você garante que poderá cobrar uma taxa de ressarcimento, caso o caminhão fique imobilizado por tempo excessivo.
Além disso, obtenha documentos que registrem a hora de chegada e saída nos procedimentos de carga e descarga. Qualquer formalização pode ajudar: romaneios, controles internos, canhotos que indiquem horário etc. Dê preferência a documentos assinados pelos responsáveis por esses procedimentos operacionais.
Como calcular o custo do caminhão parado?
Agora, você já sabe que o ressarcimento em caso de atrasos é garantido por lei. Mas também é preciso entender como calcular essa taxa. A conta pode parecer um pouco complexa, mas você vai ver que, no final, o resultado é simples. Vamos lá!
O que deve ser considerado?
A taxa a ser cobrada pelo atraso não é estipulada por lei. Portanto, é de responsabilidade do caminhoneiro/frotista levantar seus gastos com o veículo e calcular a taxa que melhor equivale aos custos do caminhão parado.
Para ajudar, existe uma regrinha básica que leva em conta os três fatores principais que geram custo. Primeiro, vamos entender o que cada sigla significa:
- CHP = Custo da Hora Parada;
- CFM = Custo Fixo Mensal do caminhão (como manutenção, seguro etc.);
- 230 = total de horas trabalhadas pelo veículo ao mês;
- 0,8 = taxa de remuneração e administração do serviço (nela, devem estar inclusos os custos com ajudantes etc.) — essa taxa é estipulada pelo transportador ou caminhoneiro, e pode variar.
A conta deve ser feita da seguinte forma: CFM ÷ 230 x 0,8 = CHP. Parece complicado, não é? Vamos dar um exemplo, assim vai ficar mais fácil calcular. Suponha que o CFM (Custo Fixo Mensal) do seu caminhão seja de R$1.500,00. Agora, calcule: 230 x 0,8 = 184.
Depois, divida o CFM por esse número, da seguinte maneira: R$1.500,00 ÷ 184 = R$8,15. Pronto, agora você já sabe que seu caminhão tem um custo de R$8,15 por cada hora durante a qual fica parado, esperando a carga e descarga.
Entendendo isso, você pode usar esse valor como base de cobrança por hora de imobilidade do seu caminhão, quando os prazos estabelecidos forem descumpridos. Assim, evita ficar com o prejuízo.
Mas lembre-se: é preciso conhecer a fundo todos os custos do seu veículo para fazer o cálculo. Afinal, se você usar valores abaixo da realidade, terá prejuízo e, se calcular mais, vai ser difícil conseguir fidelizar o cliente com o frete. Fique atento!
E se o caminhão ficar parado mais de 5 horas?
Além dos prazos padrões, também existem outros mecanismos de apoio na lei que ajudam a minimizar as consequências de uma longa espera para a carga e descarga. Além de garantir seus direitos, servem para otimizar cada vez mais os serviços de logística no país e tentar fortalecer o setor.
A já citada Lei 13.103/2015, que ficou conhecida como Lei da Estadia, estipula que, a partir de 5 horas de atraso, seja cobrada uma taxa/multa. Em 2021, gira em torno de R$1,77 por tonelada/hora adicional, além da taxa estipulada em contrato.
O valor deve sempre ser calculado desde o momento da chegada no setor de carga/descarga do local de destino. Além disso, vale salientar que a conta deve ser feita sobre a capacidade máxima de carga do veículo, e não apenas sobre o peso da carga transportada.
Ou seja, o que é considerado no cálculo é o limite máximo e legal que o veículo suporta carregar. Ele pode ser comprovado por meio da inscrição, na qual constam a tara, o peso bruto total (PBT), o peso bruto total combinado (PBTC) ou a capacidade máxima de tração (CMT) e de lotação do veículo.
Outra determinação importante da lei é que tanto o embarcador quanto o destinatário devem fornecer algum documento com o horário de chegada do caminhão ao embarque/desembarque de cargas, sob pena de multa de até 5% no valor do frete. Todos os valores são ajustados anualmente pelo Índice de Preço ao Consumidor (INPC).
Assim, sempre que estiver no destino, o profissional deve solicitar um documento que ateste sua chegada. Caso a empresa se recuse a entregar, cabe denúncia imediata à ANTT, que regulamenta o setor e faz a aplicação de multa.
Existem outros custos por deixar o caminhão parado?
O cálculo dessas taxas indenizatórias serve para coibir os atrasos e evitar que o caminhoneiro saia totalmente prejudicado, mas a verdade é que os atrasos trazem ainda mais prejuízos ao caminhoneiro. O seu veículo está improdutivo por horas. Você sabe definir qual o tamanho da perda quando passa mais de 5 horas parado em um ponto de descarga? A maioria dos profissionais não tem ideia.
De início, já podemos dizer que os custos fixos e o desgaste do caminhão aumentam. Mas fora isso, você tem uma imensa perda de oportunidades, de diárias e redução no seu lucro, pois está deixando de fazer novos transportes de carga. Fora o fato de que, provavelmente, terá que providenciar estadia e alimentação.
Não vamos nos esquecer do possível prejuízo nas viagens seguintes, pois abre brecha para perda de prazos ou necessidade de alteração das próximas rotas. De modo geral, os aspectos abaixo merecem atenção, no que diz respeito aos prejuízos de um caminhão parado.
Depreciação do caminhão
Não somente veículos em movimento sofrem desgastes. Um caminhão parado também está se depreciando. A grande diferença é que, quando você está trabalhando, seu veículo está gerando retorno financeiro, compensando as manutenções preventivas, consertos e revisões de que precisa para continuar rodando. Parado, ele está apenas gerando custos e perdendo valor.
Perda de oportunidade
Enquanto o caminhão está parado, o caminhoneiro está perdendo oportunidades de conseguir novos serviços e de aumentar seu lucro. Todo veículo para, seja para realizar cargas e descargas normais, seja para fazer manutenções. Acontece que essas pausas podem ser previstas e organizadas.
O grande prejuízo dos atrasos é que eles ocupam um espaço de tempo que estava programado para ser gasto de forma útil.
Custos fixos
Os custos variáveis, como consumo de combustível e gasto de pneus, dependem do quanto o caminhão rodou e produziu. Já os custos fixos existem, independentemente de o veículo ficar parado.
Mesmo que você perca horas em um transporte com atraso no processo de carga e descarga, IPVA, DPVAT, licenciamento, seguro e outros custos fixos não vão ter desconto. No fim das contas, você terá lucrado menos e terá as mesmas contas a pagar. Por isso, mantê-lo ativo ao máximo é essencial para cobrir os custos e gerar lucro.
Além de garantir que o caminhoneiro não fique em desvantagem e saia prejudicado por algo que está fora de seu controle, esses regulamentos também servem para educar os pontos de carga e descarga, e fazer com que eles evitem os atrasos. Afinal, ninguém quer tomar prejuízo nessa história.
Portanto, sempre que os prazos de carga e descarga forem quebrados, cobre as taxas pelo tempo do caminhão parado. Se preciso, utilize o que está exposto na lei para isso, e garanta seus direitos.
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